segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Brasílias & Calangos (ops) Cadillacs & Dinosaurs!

Chegou aquele post que era o mais aguardado de onze entre dez gamemaníacos que frequentam a enfumaçada zona meretr[icia do Velho Noob. Conforme prometi nos comentários do post anterior, aqui está meu momento nostálgico mais aguardado. Aqui, ao escrever, prometi que não choraria. A hora que eu tentei evitar, mas que se fez inevitável, que não poderia mais ser adiada. O temeroso momento em que nessa vida de retrogamer eu me veria obrigado a escrever sobre um arcade esquecido no exterior e eternamente lembrado aqui nas nossas terras tupiniquins, onde proliferam muitos fliperamas contrabandeados e maquininhas de caça-níquel! Acertou no fiofó do velociraptor quem falou naquele grande beat’em up que misturava Cadillacs e dinossauros chamado…CADILLACS & DINOSAURS! (um brinde à originalidade do nome) Mas cuidado: Esse fliper vai comer toda a sua mesada em fichas.
Lançado pela nossa querida Capcom nos idos de 1992, auge dos bons beat’em ups pra arcades, esse jogo seguiu ali no vácuo de Final Fight. Cadillacs & Dinosaurs tinha uma fórmula simples e direta, com uma engine claramente melhorada em relação ao game dos cumpádis Haggar, Cody e Guy: Porrada generalizada, fases em profusão, inimigos invocados do além e do nada, gordões que atropelam, chefões saltitantes à la Rolento, o chefão nojento, e muitas, mas MUITAS mesmo, armas escondidas em caixotes e barris. E aqueles frangos. Aqueles eternos franguinhos que todo jogo de "lutinha de passar de fase" tem. Céus. QUEM está no meio da porrada, destribuindo pontapé, enfia o bicudo num BARRIL e diz: "_Opa, achei um frango! Me sintirei mais forte se comer isso" . Se fossem barrinhas de cereais faria mais sentido. ou meta anfetamina.
Comparado a Final Fight, Chevettes & Salamandras, perdão, Cadillacs & Dinosaurs era bem mais rápido, frenético, com chefões mais balanceados (leia-se: mais trapalhões e mais fáceis pros noob matarem!) e, claro, com muito mais VIOLÊNCIA! Que era tudo o que queríamos aos 14 anos. Sangue, explosões, tripas voando (como quando você matava o inimigo com o lança-granadas) e dinos avermelhados depois de comer muita pimenta pra estriparem o seu personagem e os  inimigos junto. Sem contar o mundo detonado em estilo Mad Max e os chefões mutantes, e pronto, temos um cenário mais
bizarro lisérgico imprevisível do que as quebrada da periferia de Metro City (só para os fortes).
É com prazer que o VELHO NOOB, esse compêndio de fósseis cristalizados, apresenta uma de suas máquinas mais antigas, aquela lá do lado do tempo do Golden Axe, que já está até engolindo fichas e com a telona roxa de tão gasta. E vamos lá numa viagem muito louca com muitos dinossauros e Cadillacs, não necessariamente nessa mesma ordem.
O Game Tem Uma História? oi?
Não que isso fizesse a MENOR diferença na época, mas a resposta é sim, e é uma história deveras curiosa. Baseado na HQ Xenozoic Tales (as imagens são bem foda, já to baixando), pois é claro que ninguém na Capcom teria a bela ideia de misturar Cadillacs com dinossauros por conta própria. Afinal, quando eles finalmente criaram um jogo de luta de rua bem bacana qual foi o nome escolhido? STREET FIGHTER. Eles não são conhecidos por criatividade.
Mas voltando ao enredo do game, estamos no belíssimo ano de 2513. Essa é uma margem segura para se fazer um jogo futurista, já que voce não vai estar vivo quando esse ano chegar e ninguem vai rir da sua cara com as ridicularidades e os absurdos que voce imaginou. Nesse ano, o mundo virou uma bagunça geral: os Estados Unidos estão falidos e devendo até as cuecas do Obama pra China (hmmm. Mãe Dinah mode on), a Rússia sedia uma Copa do Mundo, o Brasil perde a final pra Argentina, o Paraguai se torna a maior potência global, é declarada a independência do Acre, a França proíbe o Playstation em seu território nacional, João Kléber ganha o
Nobel de Literatura, José Luiz Datena é eleito presidente do Brasil e secretário-geral da ONU, Geyse Arruda entra para a Academia de Letras… enfim, com uma tragédia dessas, é lógico que ia acontecer uma catástrofe ecológica. E foi bem o que rolou. Cataclismas terríveis destroem o mundo, derretem as calotas polares e obrigam a humanidade a se refugiar nos subterrâneos… Pensou que ia escapar incólume de zoar do discurso sustentável dos verdes, sem votar na Marina Silva e sem torrar sua grana e suas camisinhas no SWU, e que o planeta Terra ia escapar inteiro? POBRE MORTAL… Por culpa sua que não recicla suas latinhas de coca nem compra bugiganga dos hippies sustentáveis, deu merda.
E eis que, depois de longos 600 anos, os humanos voltam pra superfície e dentre as ruínas de seu mundo, com aquele jeitão de Full Trothle, eles reencontram os dinossauros vivinhos da silva, ressuscitados depois de séculos! Praticamente um Jurassic Park, só que sem cercas elétricas movidas à pilha alcalina AAA! Essa horda muito louca de dinos, liderados por Susana Vieira e Palmirinha Onofre  tiranossauros muito do faminto, estão fodendo com tudo na crosta terrestre.
E, nesse meio de campo embolado, surge a famosa turma de punks, parentes da gangue Mad Gear, com os famigerados gordões atropeladores! Liderados pelo Dr. Fessenden, um forever alone jogador de Tibia, eles querem capturar os dinos para fazerem experiências e criarem uma raça híbrida de répteis com humanos.  Claro que isso tem tudo pra dare certo. Punks fazendo experiências genéticas entre humanos e répteis. Ahan, Cláudia, senta lá.
Para impedir que esse roteiro de novela da Record saia do armário, surgem os nossos heróis! Escolha entre o mecânico sujo de graxa Jack Tenrec (o de camisa azul, mais equilibrado entre os selecionáveis. Leia-se: o lutador meio mozarela, meio calabresa, eterno Dhalsim do game!), a dilicinha Hannah Dundee (que vive ouvindo “Ê, lá em casa!”do Jack, que, é claro, ninguém no fliperama vai escolher pra jogar), o engenheiro Mustapha Cairo (o preferido do pessoal por causa da giratória apelona, que aliás é o único personagem de jogo de luta que eu conheço com curso superior) e o grandalhão e balofo Mess O’Bradovich, o Haggar da bagaça. Sempre tem um personagem troglodita. 
E sobram chutes, socos, voadores, porretadas com canos, tiros e granadas, muitas granadas. Na verdade tem mais granada que dinossauros nesse game. Pra dizer a verdade tem mais granada que qualquer outra coisa nesse game. 5 a cada 6 pixels desse game fazem parte de uma granada. Porra, tipo, sério, muita granada mesmo.
Família Dinossauro versão Mad Max com Toddynho.

E assim começa a aventura! Mal você selecionou o seu brigão preferido e aparece um mapa de Nova York (ou do que sobrou dela) cheia de facínoras e dinos avermelhados procê descer a sarrafada apertando botão à torto e a direito, errando o botão e apertando o especial que gasta o seu life e voce fica puto e chuta a máquina. É um ciclo vicioso. Com a ajuda de muitas facas, pedaços de pau, canos, metralhadoras, espingardas, o sensacional lança-granadas (que você pega após aceitar um Continue), revólveres, estilingues, o escambau…e GRANADAS! Sério que tem tanta granada nesse jogo que dá até vergonha! Parece até que uma fábrica das dita-cujas patrocinou a Capcom, porque sempre tem um monte delas pelas fases e nas telas dos chefões. Pra recarregar energia, a oferta de comidas é de primeira: Tem hambúrguer, frango assado (eu não vou dizer de novo o que acho deles), prato de salada, bandeja de comida, sorvete, doce, barra de chocolate…e olha que estamos num apocalíptico ano de 2513! De fome esses briguentos não morrem! Ou será que os Dinos seguem uma dieta tão cheia de carboidratos?
Aliás, a abundância de granadas até que acaba ajudando, porque os inimigos aqui são mais apelões do que no Final Fight! Não, perto disso aqui o final Fight fica parecendo jogo da Barbie. Além dos punks, motoqueiros e gorduchos com Atropelar (quem jogou Magic?) de plantão, temos ainda os jagunços de espingarda com poncho mexicano, uns mauricinhos atiradores de faca, clones do chefão da primeira fase (sacumé, né, a família Andore é graaaaaaande!), uns grandalhoes vestidos como cavaleiros medievais que atiram maças de espinhos (MAH QUE PORRA...?) e até uns monstrengos verdes parecidos com o Blanka (ninguém na Capcom gosta do Brasil, sério.). Sem contar os dinos verdes que emputecem e ficam mais vermelho que ginasta finlandesa de topless nas praias do Espírito Santo!
Antes que voce pergunte o que raios uma ginasta finlandesa estaria fazendo nas praias do Espírito Santo, eu vou logo pular o assunto para as dicas sobre os dinossauros do game: Nunca deixe os inimigos baterem nos bichanos, porque senão eles gozam eles se irritam e aí as suas fichas vão saltar dos seus bolsos como dinheiro em acampamento da Igreja  Universal.
E você deve estar se perguntando se tem algum maldito Cadilac no game. E eu respondo, infiel: Existe sim. UM.
Atravesse então todas as regiões detonadas do game, começando na cidade (num prédio depredado e ocupado, que nem aqueles de São Paulo!), passe pela floresta e pelo pântano, depois dê um rolê de Cadillac possante (o único que aparece no jogo todo, pelo menos voce está encima dele) pelo deserto (e atropele sem dó o chefão motoboy cheio das granadas!), vá para a oficina mecânica do mano Jack (cheia de carcaças de Kombi e de calendários de mulé pelada!), ajude uma aldeia na selva que está sendo incendiada pelos vilões (e bata nos caboclos com as tochas em chamas! é hilário!) e contemple, abestalhado, que você completou todo o mapa e só falta mais uma fase, em outra floresta, agora com chuva! Estou chegando ao final do jogo com apenas uma ficha e nem percebi, vou zerar essa bagaça? SOU FODA DIGDIN DIG D…Epa, mas que que é isso? Duas fases extras apareceram no mapa,  Sim, caro gamemaníaco: Depois de suar que nem um porco no rolete por todo o mapa, você ainda terá que invadir (e detonar!) a fortaleza dos vilões e ainda o laboratório do doidão do Dr. Fessenden! E com chefões apelativos que fazem o Dr. Robotnick desistir de matar o Sonic e abrir lojinha de robôs no Camelódramo do centro!
Aliás, os chefões de Cadillacs & Dinosaurs são um caso à parte! Na fase da floresta tem o açougueiro com suas faconas de destrinchar cupim pulando mais que pipoca na manteiga, que é um saco mesmo de derrotar. No quinto estágio tem o jagunço Morgan que se transforma num dinossaurão mutante tipo aquele filme escroto do Double Dragon, na sexta fase tem o terrível Tyrog, uma cabeça mutante que gruda nos inimigos normais e os transforma em monstrengos coloridos e também o lendário chefão THE FLASH (Slice), da quarta fase, um assassino com facas e versado na arte dos alec fulls, com doutorado em filhadaputice gamer, que com certeza te roubará um montão de fichas. Se voce jogar isso no emulador, sorte sua, mas é melhor colocar MUITA ficha na bagaça.
Pra piorar, no penúltimo estágio você tem que enfrentar três deles, ao mesmo tempo, todos mutantes e com cara de quem esqueceu de tomar seu Dramin e está verde de enjoo! E tem ainda o tremendão Dr. Fessenden metamorfoseado num tiranossauro de 2 cabeças, de arrepiar os cabelos da Sindel! Dona Capcom realmente caprichou nesse beat’em up.
Cadillacs & Dinosaurs é, incontestavelmente, um dos campeões de pirataria no MAME e nos fliperamas de esquina. Eu realmente não me canso de jogar essa máquina e todo boteco que encontro por ai que tem essa maquininha empoeirada num canto eu trato de comprar uma ficha. Numa década dominada por infames representantes da vergonha paleozoica, como Jurassic Park (todos os games já lançados, já que os filmes são bem legais), Carnossauro, Denver o Dinossauro Camarada (????), Yoshi do filme do Mario, Babyssauro (NÃO É A MAMÃE!) e Alborghetti, e nem vou mencionar o Barney, essa ótima associação entre dinossauros e carros de bacana não decepcionou! O que decepcionou foi só que a Dona Capcom nunca adaptou esse jogo para nenhum sistema (nem pra celulares e nem nas coletâneas que ela vive faznedo por ai pra gerar uns trocadinhos pro pão). PSN, Live, Virtual Console? Necas de pitibiriba! Parece até que a casa do Captain Commando se esqueceu por completo da existência dessa pérola! Bonito, hein? Depois de cagar no Devil May Crycuspir no Resident Evil e vomitar arco íris no Street Fighter, ainda ignora que esse game algum dia existiu! TIGER ROBOCOP no meio dos bagos, produtora desgracenta!
Resumindo antes que o tiranossauro verdão acorde!
Dá saudade dum beat’em up como Cadillacs & Dinosaurs! Também não é pra menos: Com personagens carismáticos (os quatro lutadores todos têm características próprias e maneiras específicas de lutar!), vozes digitalizadas engraçadas (FIIIINE UUUUUUPERCUUUUT!), muitas armas e porradaria e inimigos completamente viajados e sem noção alguma! Um cenário roubado de ficção B e uma jogabilidade viciante, era ainda um beat’em up dos mais imprevisíveis já vistos. Bizarro que nem ele só Violent Storm e Battle Circuit! Sem contar os vários easter eggs do Street Fighter inseridos a qualquer momento!
O foda é que possivelmente devido a direitos autorais que a Capcom não pode mais reeditar esse clássico. Também pudera: depois do horrendo Cadillacs & Dinosaurs do Sega CD (nada a ver com esse jogo! É só um point-and-click nojentão contando a história dos quadrinhos!), não é de se estranhar que a história de Jack e da paleontóloga Hannah nunca mais tenha frequentado os games. Mas também tivemos um desenho marromeno que pintou em telas tupiniquins e que volta e meia é reprisado na TV a cabo.
Mas não tem problema! Baixe o seu emulador MAME ou vá no flíper da esquina gastar umas fichas com esse crássico absoluto! E não dê comida ao triceratops! É sério isso.

Curiosidades Curiosas:
- a HQ Xenozoic Tales, da qual deriva esse jogo, foi escrita e desenhada por Mark Schulz e editada primeiramente na Kitchen Sink Press e e depois na Marvel Comics. A história? Bem, nada de muito diferente do arcade, com Jack chefiando os mocinhos e lutando contra os punks da gangue de Walther e o Dr. Fessenden. Nos quadrinhos, a falta de gasolina nos Cadillacs era compensada por um combustível muito peculiar: MERDA DE DINOSSAUROS! Enfim, um uso pras fraldas sujas do Baby, destruindo a camada de ozônio em grande estilo!
- em 1994, uma pequena empresa chamada Rocket Science Games, na esteira do sucesso do desenho, resolveu lançar um adventure pro Sega CD, ao estilo de Monkey Island e Myst. O resultado? O maior sucesso desde o programa do Serginho Mallandro na Gazeta! Confiram aí embaixo a bagaça e fica a pergunta: Dona Capcom, como a senhora deixou que uma cagada dessas sujasse a louça viesse a lume, hein? Eu me decepciono.
- Bugs bizarros: Por um motivo desconhecido, algumas placas vindas de cantos misteriosos da Ásia apresentavam um problema grave no som, no qual as vozes dos lutadores ficavam se repetindo sem parar, cobrindo as BGs. Nos chefes, entrava sempre uma mesma música, que ficava saltando entre os efeitos sonoros. Ótima edição de áudio dos piratas coreanos, melhor que ela só a versão brasileira do Chaves.
- Outro glitch era a voadora do Mustapha: ela arrancava praticamente METADE E MAIS UM POUCO da energia do inimigo. UAU! Esse é um bug do bem!
- Easter Eggs: as referências a Street Fighter pipocam a todo momento. Tem o monstro chupacabra que parece o Blanka, os atiradores de faca com cabelo do Guile, as facas do Slice/The Flash com jeitão de alec full e o golpe especial do Mess, uma giratória de Zangief com febre amarela!
- Temos ainda o desenho animado, que passou no Brasil na HBO Family e também na Band, dentro do bloco Band Kids, no início do ano 2000. Não lembra dessa “áurea” fase do Band Kids, em horário decente, com animes bons, com a sensacional KIRA, a japa de zóio verde e de peitos de gelatina? Azar o seu, internauta! Vez ou outra ainda é reprisado. O desenho do Cadillacs, não a Kira e seus sushis em chamas, infelizmente!
Dona Capcom, sinceramente…Crie vergonha na cara, pare de cagar no Devil May Cry e adapte-nos o Cadillacs para o século XXI, por favor! Será que não tem nem como colocar os quatro brigões no próximo Marvel vs Capcom, hein?

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