Eu me lembro como se fosse hoje de manhã do som que aqueles carros faziam na minha cabeça. Era como estar numa daquelas arenas de Big Foots, só que eram carros, dos mais inusitados modelos, correndo de um lado pro outro, atirando bombas, mísseis, tiros, granadas, minas, raios e palavrões para todos os lados. No rules, just murder. E enfileirados na locadora, uns 4 ou 5 moleques, uma bola enfiada embaixo do braço, suor e poeira (eca) por todos os lados. Era meio que proibido mulheres. Tínhamos 14 ou 15 anos. Isso era regra. Apesar da clássica plaquinha de "proibido sapos" que havia em toda locadora, o que mais tinha era nego vibrando por cima do ombro do coleguinha, enquanto os dois controles cinzas do Playstation tijolão revezavam nas mãos da molecada. Lembra daquele tijolão cinza que custava uma fortuna + dois rins e um fígado, que seu pai não tinha dinheiro pra comprar e sua diversão era gastar seus trocados pagando a hora, naquelas que eram o protótipo do que hoje são as lan houses? Diz pro seu irmao mais novo ai que ele não faz a MENOR idéia do que seja multiplayer.
Esse tipo de estabelecimento, que alugava o videogame por hora (1 real a hora, se não me falha o processador aqui), foi motivo de muitas aulas cabuladas e notas baixas. E muitas tardes sem merenda, com o dinheiro do lanche convertido em jogatina. Mas era fabuloso, reunia-se uma trupe de fedelhos e íamos todos passar a tarde à base de salgadinhos e videogame nas locadoras. E o jogo campeão de reais gastados da minha vida foi sem dúvida o Vigilante 8, particularmente a versão do PSX.
Você se lembra dele, força ai a memória. Han? Concorrência direta de Twisted Metal? Embora indiscutivelmente o Vigilante seja melhor?
Lembrou?
Vigilante 8 é um jogo de combate veicular (existe essa expressão?) lançado em 4 de junho de 1998 para o PlayStation, Nintendo 64 e Game Boy Color, segundo o Wikipedia. Vigilante 8 foi desenvolvido com uma equipe de apenas cinco pessoas (Peter Morawiec, Adrian Stephens, David Goodrich, Jeremy Engleman, e Edward Toth), e provavelmente uma tia que servia o cafezinho, uma equipe de tamanho incrivelmente pequeno para o desenvolvimento de um jogo, quando a maioria das equipes de desenvolvimento variava cerca de 20-30 pessoas na década de 90 (mais a tia do cafezinho).
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O enredo do jogo é ridículo e absolutamente desnecessário. Quem se importa com historinha quando tudo o que você quer é coletar as armas espalhadas pela arena antes do carrinho inimigo? Mas como esse é um site sério e instrutivo, devo dizer que o plot do game é construído em torno de uma história alternativa, na qual houve uma crise mundial de petróleo nos anos 70 e os EUA estavam na iminência de um colapso econômico. (não tão alternativa assim, né mesmo?) Greves, tumultos e crimes foram desencadeados por toda América do Norte, e todos os policiais disponíveis foram trazidos para as grandes metrópoles deixando as pequenas cidades vulneráveis. É só então que entra em cena uma cooperativa multinacional estrangeira de petróleo chamada Oil Monopoly Alliance Regime (OMAR) e quando você parar de rir eu continuo. Ok. Determinada a monopolizar o comércio mundial de petróleo, a OMAR fez um monte de filhadaputice. Os EUA era o último país que estava em seu caminho e eles estavam realmente determinados a deixar os Estados Unidos de joelhos perante o seu novo império. OMAR acaba contratando Sid Burn, um terrorista profissional, para empurrar a economia dos EUA "ladeira a baixo" com uma bota de bico de metal. Sid começou a organizar as suas tropas em áreas remotas do sudoeste. Chamando a si mesmos de "Coyotes", eles começaram os ataques tendo como alvos iniciais refinarias de petróleo, instalações comerciais e outras indústrias vitais em toda a região do sudoeste americano. Com a aplicação da lei apenas nas grandes cidades, alguns civis desesperados, começaram a fazer a lei e ajustiça com suas próprias mãos, quero dizer, carros. Liderados por um caminhoneiro chamado Convoy e referidos simplesmente como o "Vigilantes", este excêntrico grupo logo se tornou um grande obstáculo para a gangue de Sid.
Enquanto isso no lustre do castelo, o governo dos EUA, sentindo-se mais vulnerável do que nunca, estava intensificando suas pesquisas no desenvolvimento de um novo arsenal militar. Um armamento mais avançado, rumores de ser baseado em tecnologia alien, localizado no sítio 4, uma instalação secreta em Papoose Lake. Que é uma referencia mais que óbvia à Area 51. Esta informação acabou vazando para Sid, e os Coyotes emboscaram a instalação. No entanto, os Vigilantes inesperadamente apareceram para detê-los e, como resultado, ambas as partes se encontravam em posse das armas mais avançadas do mundo. Dai alguém teve a brilhante idéia de acoplar essas armas fodonas em suas latas velhas e VOILÀ, temos a razão de eu quase ter tomado bomba na 7ª série.
O que se seguiu não foram confrontos comuns. Confrontos automáticos se seguiram em todo o país, das montanhas rochosas do Colorado até as fazendas da Califórnia, apenas para culminar em uma batalha como nenhuma outra já vista em 32 bits.
Sua segunda versão intitulada Vigilante 8: Second Offense, foi lançada para o PlayStation, Dreamcast, Nintendo 64, dessa vez largando o Game Boy pra escanteio.
ANTES DE IRMOS PRO SEGUNDO JOGO, UMA CURIOSIDADE: Um remake para a Xbox 360, intitulado Vigilante 8 Arcade, foi criado por Isopod Labs, uma empresa independente, formado pelos fundadores da Luxoflux. O Game apresenta uma versão de alta definição dos jogos passados, mais alguns níveis multiplayer, e adicionou completo modo online. Foi lançado na Xbox Live em 5 de novembro de 2008. Havia um comercial que foi liberado depois do lançamento da versão de Nintendo 64. O vídeo mostra um ônibus escolar soltando crianças na escola. O ônibus sai e há clipes de jogabilidade do jogo. No final, um reboque de caminhão retorna o ônibus para a escola para pegar a gurizada, o ônibus está completamente arruinado, e com o condutor desaparecido. Após o Massacre de Columbine, o comercial foi proibido devido às referências de violência escolar. Sério?
Vigilante 8: Second Offense (porque um roteiro idiota não pode ficar sem continuação)
Vigilante 8: Second Offense (também grafado Vigilante 8: 2nd Offense), assim como seu antecessor, é um jogo de combate veicular (gostei disso), sendo o segundo jogo da franquia Vigilante 8 (isso voce percebeu sozinho?). O jogo foi criado pela Activision em associação com a Luxoflux. Muito semelhante à grande franquia Twisted Metal, tem versões para: Nintendo 64, Sega Dreamcast, PlayStation. É baseado basicamente em escolher um carro, e destruir seus oponentes em diferentes arenas fictícias. Exatamente como no primeiro, sem grandes acréscimos a não ser veiculos, armas e cenarios. Não foi uma sequencia, na linguagem de hoje, seria algo como um patch de atualização. E precisa mais que isso? O jogo já era motherfuckermente divertido, sem mais.
A história de Vigilante 8: Second Offense gira em torno da OMAR mais uma vez. Depois de encontrar um bracelete eletrônico em um banheiro num posto de gasolina (claro, porque isso é uma coisa muuuito normal de acontecer), o ex-Vigilante Slick Clyde passou a ser controlado pela OMAR. Trabalhando através da hierarquia de comando, ele logo passou a ser o CEO da OMAR fazendo um monopólio completo sobre todos os negócios de petróleo do mundo com a única exceção dos Estados Unidos. É tipo o esqueleto com o castelo de Greyskull.
Com a ajuda de sua aluna e matadora Obake, ele rouba a tecnologia para lhe permitir viajar através do tempo. Levando com ele Obake e o seu assassino cibernético, Dallas XIII, ele volta à década de 70 para paralisar os Estados Unidos e trazer a OMAR à dominação total. O que explica alienigenas e aquela esculhambação toda.
Aparecendo em 1970, os três veículos encontram logo de cara Convoy, o ex-líder dos Vigilantes. Ao vê-lo, os três carros abrem fogo. Porque o bão da vida é destruir coisas com um canhão de plasma.
Resumindo tudo, o jogo é bom pra cacete e trouxe memórias boas na minha cabecinha neste exato momento. Quase senti o cheiro do suor com terra. Sobre os gráficos, que eram simplesmente magníficos pra mim naquela época, hoje soam meio quadradões e desconfortáveis. Dai vai sua tolerancia, amigão. Minha missão está cumprida, que é fazer você sentir saudade.
*Agradecimentos efusivos à galera do "Gamers de Divinópolis", on facebook, que me lembraram que essa pérola existia.
Deixe seu comentário: Gostava? já jogou? nunca Jogou? Não sabe o que é uma locadora de games? nunca alugou um playstation por hora?
Manifeste-se ai, nerdão.