quinta-feira, 24 de maio de 2012

Mamma Mia ! Mário 64 - a resenha

Não deve existir uma pessoa no planeta que não tenha no mínimo ouvido falar num tal encanador bigodudo chamado Mario. O supremo garoto propaganda e fabrica de yenes mascote da Nintendo sempre foi um dos ícones dos vídeo games, e por que não dizer, um ícone pop.  Sem mensionar que sempre foi um dos “carros chefes” da Big N. A todo novo console, a  empresa tratava logo de lançar suas versões de Mário. E, sabiamente, o mascote não ficou apenas em jogos de platraformas: A "Franquia Mário" existe numa verdadeira pandemia de plataformas e engines diferentes, até coisas esdrúxulas como o Dr. Mario. Ou o infame Mário Paint e a hilária tentativa de usar um mouse no Super Nintendo.
Mas ainda hoje o nome Mário é sinônimo de bons jogos, ao contrário do Sonic, que envelheceu mal, muito mal. Entre uma cagada e outra da Nintendo, voce consegue encontra jogos realmente bons do encanador em todos os consoles da empresa. E não foi diferente no primeiro console da Nintendo em três dimensões: Super Mario 64 é um marco para a indústria dos jogos eletrônicos, pois revolucionou os jogos de plataforma tridimensionais, além de revolucionar o modo como visualizávamos o proprio mundo dos cogumelos. E pela primeira vez nos vídeo games, o Mário tinha uma voz - que era digitalizada e sintetizada, mas era uma voz - com sotaque e tudo.
Confira a maior revolução em 3D que eu tive o privilégio de
acompanhar, com meus próprios olhos e dedos.
IT'S MEEEE, MÁRIO!  (mário? Que Mário?)

Certamente, se você estava lá, então você deve ter tido um orgasmo infantil que nem eu tive quando enfiei o cartucho, liguei meu Nintendo 64 e aquela cabeçona borrachuda apareceu na tela, dizendo a icônica frase que dá titulo a esse parágrafo!  Super Mario 64 foi lançado em Junho de 1996 como um dos três jogos de lançamento do console de 64 bits da dona Nintendo (os outros dois são Wave Race 64 e PilotWings 64) e foi instantaneamente um sucesso de público e de crítica devido a sua revolucionária mecânica 3D que mudou o jeito que conhecíamos os jogos de plataforma. A história é sempre a mesma. Dessa vez Peach envia uma carta para Mario visitá-la em seu castelo e quando Mario chega lá descobre (estou chocado) que a princesa foi raptada pelo terrível Bowser e sozinho, Mario terá que enfrentar as terríveis confusões do castelo deixadas pelo dinossauro mutante comedor de cogumelos.
Desde o primeiro momento em que colocávamos o cartucho já era impressionante ver a cabeça do Mario ali, 100% tridimensional, e mais interessante ainda era o fato de que podíamos deformá-la e interagir com ela. Isso era realmente bacana, eu passava um bom tempo ali puxando a orelha e esticando as bochechas. Era divertido, engraçadíssimo e dava para perder alguns bons momentos ali sem nem sequer começar o jogo, propriamente.
O jogo possuía quatro espaços para gravar e continuar a jornada depois. Isso naquela época onde não existia memória interna ou memory card. A coisa era salva no próprio cartucho, usando uma bateria motherfucker, similar à encontrada no Mário World e no jogo YS (matéria do Velho Noob AQUI), do Master System.
Mas voltando ao Mario 64, você é jogado num imenso jardim aberto, para você andar livremente, com um magnífico e gigantesco castelo na sua frente. Vasculhando um pouco você já dava as caras com alguns mistérios para serem desvendados, como o famoso canhão, que falarei mais sobre ele posteriormente.
O principal do jogo mesmo é o castelo. Quando entramos nele encontramos várias portas enumeradas e uma sem número algum. Daí entramos num quarto sem nada, além de um quadro. E ao chegar perto desse quadro ele se move, como se tivéssemos jogado uma pedrinha n’água. Isso foi o mais próximo que os videogames já haviam chegado cristal líquido! Ou seria a Nintendo profetizando a Tv de Plasma?
É aí que a magia começa a acontecer. Ao pular no quadro começamos a fase, e damos de cara com uma tela mostrando a estrela que deve ser pega e uma pequena charada que funciona como dica de onde ela está. As fases são sempre vastas áreas abertas para explorarmos livremente atrás da estrela, áreas estas que são de impressionar, ainda mais para a época, onde estávamos na era da transição do 2D para o 3D e tudo era novidade. Eu era criança naquele tempo, coisa de 8 anos, creio eu, e estava acostumado com Master System, Mega Drive e Super Nintendo e a sensação de toda aquela imensidão e as fases sempre coloridas foi muito boa. Na verdade, me fez ficar estarrecido. Eu matei várias aulas jogando isso.
O castelo divide-se em 4 partes principais: o hall de entrada do castelo onde encontramos as primeiras fases, o subsolo que ainda conta com um jardim de fundos do castelo, a galeria de arte, na parte alta do castelo e por fim o último aposento onde estão as fases finais. Para poder acessar cada parte é preciso primeiro coletar um número de estrelas para poder acessar o estágio onde enfrentamos Bowser. E ao derrotá-lo ganhamos a chave que abre a nova parte do castelo. Tudo isso imenso e tudo isso em 3D. As minhas aulas de matemática da 5º série que se foda, eu queria era passar minha vida jogando Nintendo 64!
Sabemos que o controle do Nintendo 64 divide opiniões até hoje. Alguns o consideram o melhor gamepad de todos os tempos, outros o acham uma abominação disforme de pouca duração. Então para agradar a gregos e troianos direi que ele era inovador ao extremo com seus botões Gatilho e Analógico, mas frágil e desconfortável pelo fato de ter deixado a ergonomia em casa. Esse design alienígena do controle causou muita dor nas mãos. Mas independentemente dos gostos variados, uma coisa é fato: a jogabilidade deste primeiro game do Mario em 3D, que era também o primeiro jogo do N64 e o primeiro a se utilizar deste peculiar controle, foi algo tão inovador para a época que foi copiado por anos a fio, e praticamente definiu como seriam os games de exploração 3D que viriam aos montes a partir dali. Mario contava com um vasto leque de movimentos e saltos que o faziam mais um ginasta do que um encanador, e cada um deles era muito bem feito e saia com uma fluidez impressionante. Não eram mera perfumaria pra só dizer que estavam ali, você em algum momento do jogo iria precisar de um movimento específico para subir em alguma plataforma, vencer algum inimigo, ou pegar algum item. Um ponto que particularmente considero ruim é justamente a batalha contra o Bowser. Ao atacá-lo ele caía no chão e Mario precisa agarrar e girar o grande dinossauro para lançá-lo fora da plataforma onde a batalha está sendo travada e não consigo me lembrar de um mero controle que não tenha folga na alavanca por causa desse movimento. Era preciso girar, girar, girar e girar para poder dar a velocidade necessária para que o chefe voasse longe, e isso em muitas vezes, chegava a custar a alavanca do controle AQUELA BOSTINHA PLÁSTICO QUE QUEBRAVA NO VENTO  Não que tenha acontecido com todo mundo, mas a fragilidade do controle, apesar da batalha divertida e super original, ficava evidente nesta parte.
Outro ponto que eu não poderia deixar passar é a câmera, uma das mais bem boladas que eu conheço. Ao iniciar o jogo, um Lakitu-câmera-man surge na porta do castelo dizendo que nos acompanhará ao longo da jornada e voa para trás do bigodudo. A gente não consegue ver mais o sujeito, mas ele esta lá “filmando” tudo enquanto nos aventuramos pelos quadros. Olha que foda! METALIGUAGEM! A visão do jogo é em terceira pessoa, o jogador vê o personagem geralmente à distância e de costas, e temos a opção de alternar entre 2 tipos de câmera: a paisagística que se move automaticamente e busca o melhor ângulo sem que precisemos ajustá-la, ou a manual que pode ser movida para a esquerda ou direita, aproximada ou distanciada do Mario, utilizando os botões C para tal. Existe ainda a visão em 1ª Pessoa, onde não é possível se movimentar o personagem, mas que serve para se vasculhar salas e achar itens e caminhos secretos. É difícil se encontrar um game onde a câmera funcione tão bem quanto em Mario 64, se é que existe algum. Eu diria que Silent Hill não é, definitivamente.
A trilha sonora e todos os efeitos de som são marcantes e chego a dizer impactantes.Claro que se tratando de um cartucho, não teríamos grandes discursos com vozes realistas (por mais que isso já existisse na época no Playstation e Saturno). Desde as primeiras pequenas falas de Mario como “It’s me, Mario!” ou “Here we go!” com um maravilhoso sotaque italiano, foi a primeira vez que nós, jogadores, pudemos finalmente escutar a voz do bigode italiano! As músicas são também maravilhosas, e destaco a música da fase aquática Dire Dire Docks, que é emocionante demais. É difícil falar de algo que é maravilhoso, inexplicável, só escutando mesmo para sentir. Então aperta o play aqui pra entrar no clima.


Para ajudar Mario em sua incrível aventura, ainda existiam três power-ups bem interessantes. Cada um você deveria destrancar, entrando em missões especiais, espalhadas pelo castelo. O primeiro era o chapéu voador, que dava asas para que Mario voasse e alcançasse locais que mesmo com o mais longo pulo ele não conseguiria. O segundo transformava Mario em metal, deixando-o invencível pelo período que o poder durasse (tá, igual a estrelinha, lembra?) e também fazia com que Mario andasse debaixo d’água. Por último e não menos importante era a invisibilidade onde Mario pode atravessar algumas paredes e grades. O jogo chama de "invisibilidade", mas a habilidade de atravessar objetos sólidos se refere a "intangibilidade", mas a gente faz aquela cara de Okay e releva.  Infelizmente o Mario de macacão branco e camisa vermelha lançando bolas de fogo não deu as caras no Nintendo 64, nem o Luigi e nem o Yoshi, mas estes 3 Power-Ups deram conta do recado sem dúvida: voar com Mario em 3D era simplesmente realizador e divertido, e por exemplo, funcionava muito, mas muito mais fluido e fácil de controlar do que no novo blockbuster do bigode, Super Mario Galaxy, que tem um item de vôo parecidíssimo que adquirimos bem próximo do final da aventura galáctica. E só para constar, Mario Galaxy 2 conta com algumas fases de Mario 64 todinhas reconstruídas, com a fantástica trilha sonora original e tudo mais. Saudosismo ou falta de criatividade? Você decide.
Ei, você mentiu! OLHA o Yoshi aí, cazzo!
No total, Super Mario 64 possuía 120 estrelas para serem pegas, porém eram necessárias “apenas” de 70 delas para abrir a porta que dá acesso ao chefe final e o fim do jogo. Mas terminar o jogo sem todas as estrelas não tem graça e acredito que todos aqui curtem um desafio e gostam de fazer 100% nos jogos quando possível, não é mesmo? Conseguir todas as estrelas do jogo é um pouco complicado mas nada de outro mundo, e a única recompensa que você tem é algo que a princípio, parece maravilhoso, mas 5 minutos depois você fica totalmente desiludido pelo trabalho que teve.
Lembram do canhão que eu comentei no início da análise? Aquele no jardim de entrada do castelo? Pois bem, ao conseguir a 120ª estrela, o canhão se abre e podemos usá-lo. Ao apontarmos para o alto do castelo e atirarmos Mario lá, temos a grande surpresa de ninguém mais, ninguém menos que nosso velho amigo Yoshi, passeando pelos telhados do castelo. Falamos com o verdinho e ele nos dá 99 vidas, algo bem interessante mas um pouco inútil a esta altura do jogo. A primeira coisa que pensei quando consegui o feito foi montar nele e refazer o jogo todo, mas meu sonho nunca foi realizado, porque o Yoshi não faz nada além de te entregar as vidas. É, decepcionante, eu sei. O que raios o dinossauro está fazendo na porcaria do cume do castelo? Porque tem um canhão apontado pro castelo? e porque MALDICIONES eu não posso montar no verdão e sair desbravando o cenário numa espécie de Shadow of Colossos bizarro?

Ninguém explica. Da mesma forma que ninguém explica onde está o Luigi.

Por falar nisso, o jogo também guarda uma lenda que vive até hoje, a de que Luigi é um personagem jogavel. Mesmo não aparecendo em momento algum do jogo, quando Mario alcançava os jardins de fundo do castelo na fonte havia uma inscrição, que traduzida fica algo como “L é real 2401”. Na época, milhares de pessoas ficaram loucas correndo atrás para descobrir o que era aquilo mas ninguém nunca descobriu, a Nintendo nunca se manifestou e a mesma inscrição aparece em Zelda: Ocarina of Time, e Luigi’s Mansion para Game Cube. Devem ser os Iluminattis tentando corromper nossa juventude dos anos 90.
Mario 64 foi um jogo que marcou época e é celebrado até hoje. E com louvor. Foi um daqueles jogos que devem estar entre as lista de “jogue antes de morrer”. Bonito, carismático e revolucionário, conseguiu prêmios diversos, entre eles o de Jogo do Ano. Existe hoje um remake para o Nintendo DS com mais personagens jogáveis como Wario, Yoshi (sim, sem precisar das 120 estrelas) e o Luigi (sem nenhuma lenda agora). A mecânica desse remake é igual ao primeiro jogo, com alguns poucos extras. Mas honestamente, gurizada, só quem estava aqui em 1996 saberá o que é sentar trêmulo na frente da Tv segundo aquele controle grandão e navegar, pela primeira vez, por um jogo do Mário completamente em 3D. Só quem cresceu em 2d sabe o quanto isso é significativo, em diversos níveis.
Finalmente,eu digo que Mario 64 é um dos melhores jogos que já tive o prazer de por as mãos. E de zerar. Pode ser que hoje em dia a Nintendo tenha perdido seu reinado para as concorrentes, mas devo dizer que a empresa de Kyoto nunca deixou sua legião de fãs na mão e mesmo com um console sem apoio massivo das empresas de games, os jogos da Nintendo para o Nintendo 64 foram espetaculares, sendo alguns deles, considerados entre os melhores da história dos games. Super Mario 64 esta aí para provar o que digo.

E eu nem falei nada do GoldenEye. Aguardem.

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