quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Curiosidade Gamer: Consoles portáteis que ninguém lembra que existiram

Todos sabemos que no rodapé da história da tecnologia existe um cemitério de aparelhos que não vingaram. Entre eles, lembramos do Phantom System, do Virtual Boy, e alguns outros fracassos, e isso só para citar os consoles. Se formos pensar em aparelhos eletrônicos em geral, é como se o Polishop fosse a "Mansão Foster Para Amigos Imaginários" dos gadgets invocadinhos.
Só que estes são lugares-comum nas listinhas de tecnologia fracassada, ao ponto que todos nós já conhecemos a história, o motivo do fracasso e as piadinhas que alvejam as grandes falhas dos aparelhos — Um portátil que você só pode jogar apoiado numa mesa? oi? Então prometo que nesse post não vamos zoar com os coleguinhas que adquiriram uma lesão na espinha de tanto jogar 3DS. Para essa lista eu resolvi trazer algumas peças do fundo do baú que eu tenho certeza que alguns de vocês jamais conheceram. 
Dessa vez, vamos nos ater ao tema "portáteis". Primeiro, quero dizer que nunca fui um BIG FAN desse videogames de bolso, pela simples razão que eu nunca pude ter um. Um Game Boy custava tipo a virgindade da irmã e dois rins na minha época. E depois de velho, quando podia finalmente comprar minhas próprias nerdices, já não tinha mais o tesão necessário pra jogar um game assim. Até porque, os games que eu costumo jogar rodam em emuladores e estão aqui, ou no notebook ou no tablet.
Porém, chafurdando na lama das nossas infâncias, onde repousam desenhos do He-Man e bonequinhos dos Power Rangers que trocavam de cabeça, vi-me tentado a listar os cinco maiores fracassos dessa modalidade tão peculiar de videogames. Aqui estão os cinco consoles portáteis fracassados que ninguém mais lembra.

* Você vai notar que nessa categoria não mencionei os Brick Games. Primeiro porque não foram um fracasso e segundo porque não eram necessariamente um videogame. E se você não sabe o que RAIOS é um Brick Game, então xô, cai fora daqui, você está no site errado.

Mega Duck  (sério?)

É impressionante imaginar que um grupo de pessoas inteligente se dá ao trabalho de desenvolver, fabricar, marquetear (existe essa palavra?) e distribuir um produto, mas dedicam tão pouco tempo e esforço (para não mencionar o bom senso) na escolha do nome. É como se simplesmente tivessem aberto o dicionário em dois pontos aleatórios, meteram o dedo nas páginas, e as palavras em que a unha bateu foram as escolhidas. "Mega Duck". Este era o bizarro nome deste aparente clone de Game Boy, lançado em 1993 e fabricado por três empresas diferentes — Creatonic, Videojet e Timlex — (não, você nunca ouviu falar delas, NINGUÉM ouviu falar), todas aparentemente defuntas ou pelo menos operando em ramos completamente não-relacionados a videogame. É bem plausível que os resultados que achei no Google tratem de empresas diferentes que acabaram usando o mesmo nome. (porque raios alguém copiaria um nome como "Timlex?") É como se minha filha se chamasse Robervânia.

No Brasil, o Mega Duck foi chamado de Cougar Boy, porque era distribuído na pátria amada pela Cougar USA. Esse nome é menos horroroso, embora "Cougar Boy" pareça nome de garoto propaganda de eletrodoméstico. O aparelho chegou até mesmo a ser anunciado nesta edição de 1994 da revista Super Game Power, que eu desenterrei aqui para você. É bem possível que seja o único registro impresso do console. Se eu conheço alguém que tenha tido um? Vamos ao róximo parágrafo que eu vou nem me dar ao luxo de responder.
O Mega Duck tinha uma função interessante: era possível conectar um joystick nele para que duas pessoas jogassem simultaneamente. Aparentemente, no círculo de colecionadores americanos, a versão brasileira é considerada mais rara e valiosa porque o título pintado no console é menos estapafúrdio. Ok, faz sentido. Mas aqui... que porra é essa de conectar dois joysticks e jogar com o colega nessa telinha miserável sem luz interna?

PocketStation  (boquétisteition)

Eis uma pegadinha para aplicar nos amigos gamers: Pergunte com semblante de inocência “qual o primeiro console portátil da Sony?”. A resposta que 99% das pessoas dará é “Foi o PSP, claro!”. Eles estarão errados. Redondamente errados. Mais errados que o Dreamcast ser lançado na geração 32 bits.
O PocketStation foi, como o VMU depois dele, um híbrido de console portátil, PDAe cartão de memória. Era uma época onde celulares serviam apenas para fazer ligações, então segura a onda ae, novinho. O usuário plugava o aparelho na entrada de cartões de memória, instalava rudimentares joguinhos e apps, ou podia usá-lo para armazenar seus jogos salvos. Quando eu digo rudimentares joguinhos eu tô falando de Tetris e Snake, tudo com aquela telinha de Brick Game (se você não digitou "brick game" no google ali encima, corre e faça isso agora)
Lembra que na época áurea de locadoras tinha nego que nem tinha Playstation, mas comprava memory cards para salvar seus times no Winning Eleven ou sua carreira em Tony Hawk? Eu zerei Twisted Metal assim, ora bolas! Então, o PocketStation teria sido uma verdadeira mão na roda para essa galera, já que tinha funções paralelas que o tornaram útil fora da locadora. Infelizmente, o PocketStation teve um lançamento extremamente limitado — apenas 60 mil unidades limitadas ao Japão. O aparelho se tornou popular entre os japoneses (essa turma sempre foi chegada nesses mini-joguinhos, lembra da febre que foram os Tamagochis?), mas acabou nunca sendo trazido para o Ocidente. Porque? Porque deus quis. Não faça perguntas que não quer saber a resposta.
O PocketStation tem uma lista farta de jogos, dentre os quais estão alguns títulos das séries ganha-pão da Sony: Metal Gear, Final Fantasy, Ridge Racer e outros. Como é que alguém jogava Metal Gear numa telinha de 32×32 pixels, eu não tenho a menor ideia.
Aliás, como é que alguém jogava qualquer coisa nisso?


R-Zone (over 9000!)

Nos anos 90, parecia que realidade virtual seria o próximo “grande lance” do mundo da tecnologia. A gente mal podia esperar pelo dia em que poderíamos literalmente entrar em nossos jogos favoritos; e foi pegando carona nessa expectativa que abortos como o R-Zone vieram a existir. Sem falar no próprio Virtual Boy.
O R-Zone era essencialmente um minigame muito tosco que você acoplava à cabeça, dando ao usuário uma aparência extremamente… Peculiar. Por mais idiota que a geringonça nos pareça ser hoje, Hollywood já havia estabelecido o aparelho de realidade virtual em nosso imaginário coletivo como um videogame em forma de capacete. E por alguma razão as pessoas que desenvolvem tecnologia preferem acreditar nos diretores de cinema que na ciência que estudam. E não esqueça que tínhamos apenas treze ou catorze anos. Como crianças, podíamos nos dar ao luxo de não identificar imediatamente o fracasso que algo seria. Em vez disso, víamos o R-Zone e imaginávamos que ele nos transportaria para dentro dos games. Ahhh, os anos de inocência… eu lembro que eu realmente acreditei que poderia, vendendo latinhas, juntar 600 reais pra comprar um playstation. Isso até o Natal. E já era Agosto. O kg da latinha custava 0,60. E minha mãe sofreria um infarto se me visse pegando latinhas nas lixeiras da cidade. 
Apesar do imenso fracasso que foi o aparelho (a Tiger Electronics era conhecida por só lançar minigames toscos — mas bem que havia um mercado, já que nem todo mundo tinha grana para dar à Sega ou à Nintendo), houveram três versões do console: o Headgear, que é o original, o Super Screen, uma versão meio que “de mesa”, com tela maior e cores, e o Xtreme Pocket Game, que era uma versão mais parecida com a ideia de “console portátil” que temos atualmente. Ou seja, nada de visores amarrados à sua cabeça. Vi o R-Zone no "museu pessoal" de um amigo retrogamer e fiquei louco. Ele se parece com alguma coisa que o Vegetta usaria pra medir o Ki de alguém.


TapWare Zodiac  (oi? Ikki de quê?)

Este aqui eu acho que é underground mesmo; os únicos que tomaram conhecimento do Tapwave Zodiac em sua breve existência eram a turminha fissurada em Palms. (sim, haviam pessoas assim). O Tapwave Zodiac era essencialmente mais uma das tentativas frustradas de mesclar PDAs com videogames. Como ele trazia PalmOS 5, ele tinha a capacidade de rodar jogos nativos, especificamente projetados para a plataforma, e também de acessar o considerável catálogo de jogos para PalmOS. Isso é realmente bom. Quer dizer, o que nós fazemos hoje muito facilmente com um clique (ou uma dedada) ao baixar aplicativos para seu android, na época do safadão ae, a porra era mais sinistra. Se você comparar com outros sistemas operacionais móveis contemporâneos (digamos: iOS ou o próprio Android, como ja mencionei), a biblioteca de games do PalmOS era microscópica. Na época, no entanto, era razoável.
E para quem tinha PDAs exclusivamente para entretenimento, a ideia de um Palm com hardware dedicado a games era interessantíssimo. Por ser um aparelho voltado para um público bem exclusivo — essencialmente, só fãs da Palm sabiam que o aparelho existia —, o Zodiac nunca foi um estouro de vendas. E com o advento do Nintendo DS e do PSP poucos anos mais tarde, nem mesmo aquele pequeno demográfico o PDA/console conseguiu atingir. O aparelho vendeu menos de 200 mil unidades, e viveu apenas dois anos. Um Ex-BBB vive mais que isso.

Gizmondo (isso é nome de vilão do Godzilla, não é?)

Outro console fracassado de uma fabricante chamada Tiger, embora dessa vez seja a extinta "Tiger Telematics". O Gizmondo é particularmente infame porque um dos executivos da empresa despedaçou uma Ferrari em um acidente nos EUA e acabou indo ao xilindró por envolvimento com a máfia. O co-fundador da empresa acabou vestindo o pijama listrado, também. Don Corleone platinou nessa. Não é de se surpreender que o console teve o fim que teve, com gente desse calibre no volante da empresa.
O Gizmondo foi lançado em março de 2005, com essa porr..caria de nome esdrúxulo, no intuito de competir com o Nintendo DS e o PSP. Ele também tinha aspirações de PDA, com funções como GPS, modem GPRS, câmera e alguns aplicativos. O preço não era muito camarada (US$ 400), mas havia uma versão subsidiada por quase metade disto. O tal subsídio era feito através do sistema "Smart Adds" — sim, com grafia de "ads" errada mesmo —, que aleatoriamente jogava propaganda na cara do usuário. Horrível, né? Na verdade, não. O serviço acabou nunca sendo ativado, então os consumidores que compraram a versão pela metade do preço nunca receberam nenhuma propagando.
E ainda dizem que negociar com a máfia não é uma boa.
O Gizmondo não durou nem um ano, sendo descontinuado em fevereiro do ano seguinte e mal vendendo 25 mil unidades. Isso rendeu a ele o título de pior console da história, em matéria de vendas.
Em matéria de vendas, porque todo mundo sabe que o pior console da HISTÓRIA 

Conhece algum não listado? Discorda de alguma coisa? Comente ai embaixo, amigo. Vamos discutir isso como pessoas civilizadas. Ou não.