terça-feira, 20 de novembro de 2012

SHADOWRUN (SNES) - Jogo de gente inteligente


 O cara que desenhou essa logo precisa ser canonizado urgentemente. Que coisa mais linda, meus deuses.
Fabricante: Data East Corporation / Beam Software Pty., Ltd.
Gênero: RPG,  lançamento: 1993 para o glorioso e implicitamente melhor do mundo SNES (embora caras como eu prefiram seus tempos áureos no Master System)

Olá, devoradores de Yakult. Fechem a aba de entretenimento adulto e libere a banda larga (da internet) porque agora o tio vai falar de um game muito, muito, mas MUITO FODA MESMO. Esse game foi lançado na época jurássica em que os controles tinha uma quantidade razoável de botões, em vez de 428 botões + 4 gatilhos. E mesmo assim, me lembro que os controles eram bem "chatinhos" de aprender. Isso foi no começo da década de 90 e enquanto Sonic e Mário se digladiavam nos 16 bits, esse jogaço passou quase despercebido. Isso devido a uma estratégia ruim de marketing e uma temática muito pouco usual para a época. 
Visão isométrica fez do jogo uma coisa gostosa de olhar
Mas se você ainda não conhece esse jogo, ou ficou curioso, senta ai e pede mais um yakult, amigo. A história é umas das (se não A) mais adulta que você encontra no Super Nintendo. Claro que o conceito de "game adulto" da época não é o mesmo conceito de jogo adulto de hoje, onde temos sexo e tripas explodindo na tela do PSvita. Naquela época, a coisa era bem diferente.
A versão de "Shadowrun" para Snes apareceu mais cedo do que a para o Mega Drive, e é um jogo completamente diferente, com outra história e jogabilidade. Tudo bem que o jogo do MD era mais fiel ao livro que originou tudo (Neuromancer, de William Gibson). Se não leu, leia. Foi lançado também um RPG DE MESA (interpretação de verdade, não de videogame). Seu herói, Jake, é atacado por assassinos, e parece estar morto. No entanto, um misterioso cão se aproxima de seu corpo inconsciente, esse cão se transforma em uma mulher e lança um feitiço sobre Jake ... Depois disso, Jake acorda num necrotério. Ele não sabe o que aconteceu com ele, nem consegue se lembrar do seu próprio nome.
Passeando por meio da cidade futurista, onde monotrilhos, computadores, gangues de rua armados com armas automáticas, co-existem com "orcs", "anões" e "vampiros". É aí que você começa a descobrir o mistério e descobre os perigos que o aguardam por todos os lados. Um jogo bem realizado, que não chega a ser uma escrotice bizarra, como muito bem defendeu Adonay César nos comentários do post anterior. Mas na boa? nem de longe tem o mesmo charme da versão Super Nintendo. Porque? Segue o meu raciocínio.
Um dos sistemas de batalha que funcionava no JOYSTICK
o que ainda hoje dificilmente funciona no MOUSE.
Shadowrun para SNES  é baseado em um Skill-RPG de combate em tempo real e o foco principal da jogabilidade está em Jake usar suas habilidades e competências, não apenas para vencer no game e passar pra próxima etapa, mas principalmente para compreender o que diabos está acontecendo com ele. Se você já o game e já está familiarizado com o cenário dos RPG's de mesa, beleza, você está alguns passos na frente. Mas se botou as mãos no controle sem saber bulhufas de nada e ainda por cima nunca sequer jogou RPG de mesa, então você está seriamente encrencado.
Não há batalhas aleatórias, o que é bom. Mas há muitas telas com inimigos repetidos (que já foram mortos e simplesmente ressuscitam quando você volta a tela). Ir e voltar por telas assim é o segredo universal que todo gamer sabe para ganhar pontos de experiencia e dinheiro. Os pontos de experiência são chamados de "karma" neste jogo. Você precisa ganhar "karma" para aumentar seu nível e habilidades. Você também vai poder comprar as habilidades das pessoas. As habilidades incluem armas de fogo, computadores, negociação, liderança, e muitos outros. é como se você estivesse construindo uma ficha de RPG. Você também pode usar os pontos ganhos de "karma" para aumentar estatísticas básicas como os "hit points" ou "carisma". Atributos básicos de qualquer RPG.
Se não sabe o que é um RPG de mesa, assista esse vídeo ... e me responda: Onde você esteve nos últimos anos? Em Ravenloft?

Resumindo, Shadowrun é um jogo que mistura RPG com ação, mas de um jeito diferente. Aqui a história se passa num futuro em que pessoas, monstros e outras criaturas co-existem. Um cenário de RPG bem alternativo e criativo. É realmente bem legal ver um orc segurando uma doze, ou controlar um Mago Hacker. 
Outro dia eu li, quase em prantos, sobre a volta da franquia Shadowrun aos videogames. Mas eu não estou animado. Fizeram games novos por ai, entre 2000 e 2012, inclusive uma tentativa de jogo online que faz TODO o sentido no contexto do jogo. Mas honestamente foi tão mal feito, mas tão mal sucedido, que eu nem vou considerar aqui. O jogo é de tiro na primeira pessoa. Isso está errado. Muito errado. 
Mas estão prometendo para 2013 (caso o mundo não se escafeda mês que vem) o novo jogo e estou ligeiramente confiante quanto à isso. Mas talvez não seja grande coisa, como as tentativas anteriores.

Uma curiosidade aqui, será que as pessoas conhecem essa pérola? Diante da comoção causada pelo jogo entre os fãs ao anúncio dessa nova empreitada do cenário nos videogames da nova geração, fiquei intrigado com a repercussão relativamente pequena da notícia entre os gamers brasileiros. Na pesquisa que fiz aqui, não vi nenhum dos grandes portais tupiniquins sequer divulgarem a notícia, e isso me entristece… será que os brasileiros não conhecem Shadowrun?

Se o caso for este, aqui vão cinco grandes momentos de Shadowrun do Super Nintendo. São vídeos curtinhos, e todos esses eventos acontecem ainda nos estágios iniciais do jogo, portanto os spoilers são leves. Confiram e me digam se não dá vontade de ir correndo jogar.

1. A abertura: "O ano é 2050. Megacorporações dominam o mundo…" e para você que é fã de Blade Runner e Neuromancer (ou se for mais novinho, deve conhecer pelo menos Matrix)  eu não preciso dizer muito mais, embora a história que mistura tecnologia e elementos de fantasia como trolls e magia seja longa e interessante. Nesse link você vai poder A) praticar seu ingles que aprendeu jogando Zelda e B) sacar toda a história do cenário. O vídeo da abertura é uma das mais fodinhas que já vi rodar no Snes.


2. E ele ressuscitou no primeiro dia… Eu pago um dólar furado e um toddynho para quem apontar um início mais inusitado para um RPG: Logo na primeira cena, legistas engavetam o corpo de um pobre infeliz metralhado por uma gangue. E sabem quem é o presunto? Você, que poucos momentos depois acorda, sai da gaveta e dá um susto miserável nos pobres funcionários do local. Sim, algo bastante parecido com o inicio de Fallout: New Vegas. Só que aqui nós estamos falando de 16 bits, num Super Nintendo, amiguinho. Respeite isso.



3. Encontro com o cão/ Toten Sim, ele tem superpoderes e vai descobrir que é meio que um xamã. Aguarde por fireballs no decorrer da história. Isso é Spoiler. Ao entrar em uma rua deserta e pouco iluminada, nosso herói testemunha um assassinato a sangue frio. Pouco depois de sobreviver à troca de tiros com o assassino, ele caminha até o beco logo adiante e tem seu primeiro contato com o cão. Não, não ESSE CÃO, tô falando do totem que vai acompanhá-lo pelo resto de sua vida.


4. O show de Maria Mercurial. Em um tempo onde não tínhamos jogos sandbox, poder entrar com seu personagem em um night club e conversar com outros NPCs enquanto uma banda se apresenta era um delírio. A minha sensação com esse jogo sempre foi: "Caramba, eu posso fazer o que quiser aqui?". A cantora batendo cabeça no palco, a letra punk-romântica (???) da música passando pela tela sem interromper a ação e a cilada que está à sua espera em uma mesa nas proximidades fazem deste um momento inesquecível do game.


5. Contagem regressiva Todo mundo que quer investir seriamente no uso da grande rede de computadores, a MATRIX, precisa implantar um conector de computador na cabeça, o “datajack”. Isso é coisa comum no game, em 93, muito antes do Matrix. E da internet ser a febre de dominação global que é hoje. Mas sobre o vídeo abaixo, logo no início da trama Jake descobre que tem alguma coisa errada com seu datajack, e visita um médico para saber o que é. Só que dá merda. E ele precisa correr contra o tempo.

Se isso não te convenceu… você definitivamente precisa rever seus conceitos sobre games. Mas se você curtiu, que tal fazer uma doação para ajudar no desenvolvimento do novo Shadowrun? Você ainda pode garantir brindes bacanérrimos, como um livro de arte do jogo e até seu nome nos créditos! Para saber como contribuir, acesse o site dos CARAS AQUI, Ó.

E Não se esqueça de comentar, amigo. Agora estamos com os comentários do Facebook, ou seja: VOCÊ deixa sua opinião para engrandecer o Velho Noob e ainda contribui com a nossa divulgação para seus amigos. Além de ser muito mais fácil, né? Fiquem com Myamoto e até a próxima! 
Forte abraço.